01 setembro 2012

FanFic: Forget Me Not - Capitulo 4



Forget Me Not

Autora(o): Juliana Dantas
Contatos: @JuRobsten;
Gênero: Romance, drama, Mistério, universo alternativo
Censura: +18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

**Atenção: Esta história foi classificada como imprópria para menores de 18 anos.**

***Pov Bella***


Um passo após o outro. Eu tinha apenas que continuar caminhando.
Ignorando meus joelhos trêmulos e meu coração ameaçando explodir de dor. Assim como o odioso nó na minha garganta.
Por favor, por favor. Que ninguém me veja agora, rezava a cada passo, até me ver finalmente trancada no lavabo luxuoso dos Cullens.
E então eu apoiei minhas mãos trêmulas no mármore da pia e respirei profundamente várias vezes. Até ser capaz de olhar meu reflexo no espelho.E mais do que nunca eu me senti uma fraude.
Será possível se arrepender uma vida inteira de apenas um ato impensado? Quantas vezes eu quisera voltar no tempo?
Mas era impossível. Tudo tinha mudado irreversivelmente.

E eu ainda me sentia a salvo do passado. Se ele não podia ser mudado, ele podia ficar guardado, bem no fundo das minhas memórias. Embora este esquecimento fosse apenas uma ilusão.
Do que adiantava me enganar agora? Eu lembrava todo dia.
E agora ele me alcançava. E como é que eu podia fugir? Não conseguira fugir naquela noite, e a verdade fria dentro de mim dizia que não poderia fugir agora.

Se ao menos eu nunca tivesse ido naquele lugar...
Fechei os olhos novamente, voltando há mais de um ano atrás...


**Flashback**

Olhei a chuva que caía incessante há dias pela janela, absorvendo as palavras absurdas de James.
–Bella, por favor!
Eu me virei, o encarando.
–Não tem a menor possibilidade de eu fazer isto.
–Victoria ia fazer, mas ela adoeceu.
–Acha mesmo que eu me pareço com Victoria?
Eu tive que rir.
Victoria e eu não tínhamos nada em comum. Apenas dividíamos o mesmo apartamento em Nova York, enquanto fazíamos faculdade juntas.
–Eles não fazem a menor idéia de como Victoria é.
–Não, nem pensar.
–Você disse que queria o estágio.
–Eu quero ser jornalista e não uma prostituta! Está maluco se acha que vou entrar neste lugar e... fazer sexo com estranhos!

James riu, passando a mão pelos cabelos loiros compridos, hoje presos num rabo de cavalo. Era fácil perceber o que Victoria via nele. E porque fazia tudo o que ele pedia. James estava no último ano de jornalismo, ao contrário de mim e de Victoria que estávamos no segundo ano.

–Não tem nada a ver com prostituição, da onde tirou isto?
–Ah não? Victoria me contou que você colocou o nome dela na lista de garotas contratadas para ir numa festa de ricaços.
–Claro que consegui. Eu tenho um conhecido que me deve uns favores nesta agência. Mas ela entraria lá apenas para fazer a matéria. Apenas circular, fazer perguntas... e dar o fora.
–E ser apalpada e sei lá mais o que por aqueles caras cheios da grana!
–Qual o problema? Não estou dizendo que vai ter que trepar com alguns deles, apenas fazê-los abrir o bico.
Eu suspirei cansadamente.
–James, olha pra mim, acha mesmo que eu sou a pessoa certa pra fazer este tipo de coisa?

Ele me mediu e eu me senti corar. Eu não era nem um pouco bonita e sensual como Victoria.Como é que James achava que eu podia passar por uma garota de programa sofisticada? E ainda por cima ter que seduzir homens ricos, fazê-los me contar segredos.
E ser esperta o suficiente para me livrar deles.
–Podemos dar um jeito nisto. Victoria pode ajudá-la.
Eu sacudi a cabeça negativamente.
–Não, não tem a menor chance de isto dar certo. Se você já descobriu sobre o lugar, é só escrever!
–Não é tão simples. Se você entra naquele lugar, se diz o que viu... vai ser a matéria do ano, vai conseguir qualquer estágio que queira, qualquer emprego que você almeje. Bella, é o tipo de furo que qualquer jornalista sonha!
–Por quê? O que existe neste lugar que pode ser um furo tão grande? Homens ricos e sexo fácil têm em qualquer lugar.
–Aí é que está. Não são homens ricos comuns. São poderosos. Políticos, inclusive.

–Como sabe? Como descobriu sobre este lugar?
–Uma garota com quem saí. Ela já foi uma “convidada” deste clube.
– E você sai com este tipo de garota, Victoria sabe disto?
–Foi apenas um caso passageiro. Eu e Victoria não estávamos juntos ainda.
–Então por que não usa esta garota agora?
–Ela está trabalhando na Europa, se é que me entende. Arranjou um padrinho rico. Fora que ela morre de medo de se meter com esta gente.
–Então é perigoso.
–Claro que não! Mas é o trabalho dela, o que faz para viver. Se ela começa a contar o que vê nestes lugares, está perdida. Mas você não tem nada a perder.
–Ainda não entendo o que pode haver de tão importante a ponto de ser uma matéria realmente boa.
–Bella, esta garota me contou várias coisas interessantes. Este clube pertence a um milionário europeu e ele fornece este tipo de “diversão” em troca de favores que beneficiam seus negócios. Sabe quantos políticos não devem estar metidos nisto? Nós vamos abalar com esta matéria! Consegue imaginar? Velhos ricos, casados, trepando com garotinhas num clube fechado, todo cheio de perversão... Bella, vai ser muito fácil. É só entrar e ver como é... e depois nós escrevemos a matéria. .

Eu começava a visualizar o que ele queria dizer.Sim, seria uma matéria interessante. E podia me ajudar muito profissionalmente.
Mas entrar num clube daquele, fingir que eu era uma daquelas garotas... Sentia meu estômago revirando só de pensar.

–Sim, entendo o que quer dizer, mas eu...
–Você pode, Bella. É só pensar que é um trabalho.
–E Victoria? Era ela quem ia fazer, acho melhor esperar que ela melhore e...
–Não dá. O nome dela está na lista para hoje. É nossa única chance.
Caminhei até a janela novamente, vendo a chuva cair, e mordi os lábios nervosamente. Será mesmo que eu podia?
A ideia de James com Victoria não era absurda. Eu podia ver Victoria fazendo aquilo. Seria fácil pra ela. Mas pra mim?
–Aceite, Bella.
Eu me virei ao ouvir a voz de Victoria.
Ela estava pálida e abatida, enquanto assoava o nariz e sorria pra mim.
–Você me conhece, Victoria, acha que eu consigo fazer uma coisa destas?
–Bom, não é mais bonita do que eu, mas com certeza é melhor aluna do que eu. Se tem alguém que conseguiria escrever uma boa matéria com o James, seria você.
–Mas eu tenho que ir naquele lugar e...
–E vai ser moleza, eu vou te emprestar o vestido que ia usar e te maquiar. – ela se aproximou, passando a mão por meus cabelos, enquanto eu me virava olhando meu reflexo no vidro. - É só fingir Bella, faça isto... Tenho certeza que vai se arrepender se não fizer... Apenas uma noite... e vai mudar sua vida pra sempre.

Eu deveria ter dito não naquele momento. Isto me bastaria para não ter que dizer não depois. Quando seria muito mais difícil.
Mas eu não disse.E no fim, Victoria tinha razão.  Apenas uma noite. E minha vida estava mudada pra sempre.

–Vai ser divertido, Bella.
Victoria dizia enquanto me maquiava naquela noite.
Era isto o que ela tentava me convencer. Que ia ser divertido.
Eu duvidada muito. Muito mesmo.Porque entrar num lugar daquele e tentar passar por alguém que eu não era, definitivamente não era minha definição de divertimento. Era uma definição para desastre.
–Pronto.
Eu abri os olhos e olhei meu reflexo no espelho.
–Irreconhecível. – Victoria riu, ajeitando meu cabelo.
–Esta não sou eu. – murmurei.
–Não era esta a intenção? Mas sabe de uma coisa? Devia se arrumar mais assim, fica realmente bonita.
–Não é o meu estilo... – sussurrei, enquanto me ajudava a colocar os sapatos altíssimos.

Agora eu estava realmente pronta. Vestido preto curto e justo, salto alto e maquiagem pesada. Alguém que me visse assim podia acreditar que eu era mesmo uma garota sexy. O difícil seria convencer a mim mesma.

–Uau. – James me mediu, assoviando quando me viu, enquanto Victoria me obrigava a dar uma voltinha.
–Fiz um bom trabalho?
–Ela está perfeita. – James sorriu e algo no olhar dele sobre mim me deixou nervosa. - Só falta uma coisa. – então ele me estendeu uma máscara azul.
–O que é isto?
–Todos usam máscaras neste lugar. – explicou, enquanto Victoria colocava a máscara em meu rosto.
–Você não me disse isto! – reclamei, me sentindo mais estranha ainda.
–Acho que isto deveria te deixar mais à vontade. Ninguém vai ver seu rosto. – Victoria piscou. – Pode fazer o que quiser.
Eu respirei fundo.
–Não sei se consigo fazer isto. – murmurei, começando a sentir meu estômago doer.
–Agora é tarde para desistir. – James disse. - Já devem estar chegando para te buscar.

Eu estremeci de medo. O interfone tocou.

–Seu carro chegou, Cinderela. – James exclamou me puxando e eu não tive alternativa a não ser acompanhá-lo. Mas nas escadas, ele me fez parar e pegou algum objeto em seu bolso.
–Coloque isto na sala mais movimentada que achar. – disse.
–O que é isto?
–Uma mini-câmera.
Eu arregalei os olhos.
–Está maluco? Como acha que vou conseguir fazer isto?
–Tenho certeza que dará um jeito.
–É perigoso, James.
–Não é. Ninguém desconfia de você. Apenas deixe isto na sala. E a gente vai se dar bem.
–Para quê? Achei que eu fosse apenas colher informação para a matéria.
–Que não teria provas nenhuma, caso te contestassem! Nós vamos deixar esta câmera por lá e vamos pegar tudo!
O carro buzinou alto na porta do prédio e James escorregou a câmera para a pequena bolsa que eu carregava.
–Vai e faça um bom trabalho.

Eu ainda parei na porta do carro, hesitando. Era minha última chance de desistir. Mas James e Victoria contavam comigo. Eu tinha concordado e agora teria que ir até o fim. Era apenas entrar no personagem. Naquela noite eu não era Bella Swan.
Era apenas uma mascarada sem nome.
Só esperava convencer a mim mesma disto e também a todos naquele lugar.

E era o que eu ainda torcia quando adentrei no casarão luxuoso e uma moça de máscara preta me cumprimentou.
–Olá, qual o seu nome?
Nome?
–Achei que não tivéssemos nome... – murmurei aterrorizada.
A moça riu.
–Para todos os efeitos e para os homens lá dentro não tem mesmo. Estas são as regras. Mas você foi contratada e precisamos saber se seu nome está na lista.
–Claro... Meu nome é Victoria.
Um homem alto que estava atrás dela, também mascarado, verificou uma lista e acenou positivamente.
–Certo, Victoria. Espero que se atenha às regras. Nada de nomes ou de informações sobre você. E não retire a máscara. Alguns homens podem pedir isto, mas não poderá fazer. Eles também sabem as regras. E precisaremos ficar com a sua bolsa.

Eu estremeci quando ela pegou a bolsa da minha mão, passando ao homem mascarado. Este a abriu sem a menor cerimônia, verificando seu conteúdo, e eu só voltei a respirar normalmente quando ele a fechou de novo. Fora uma boa ideia colocar a câmera dentro da minha nécessaire, afinal. Mas agora a bolsa ficaria ali. E eu não poderia fazer o que James pedira.

–Pode entrar. Nós a devolveremos no fim da noite.
–E quando será isto? – perguntei, enquanto o homem abria uma porta dupla.
–Vocês só podem partir depois de todos os convidados.
Que ótimo, pensei, ironicamente, enquanto entrava na sala e a porta se fechava atrás de mim. Agora eu estava presa naquele lugar provavelmente até o amanhecer.
Respirei fundo quando alguns olhares se prenderam em mim. Olhares masculinos, em sua maioria. Todos de máscaras. Assim como algumas mulheres com seus vestidos mínimos.
Sentia meu coração batendo mais rápido de medo e ansiedade e me obriguei a manter a cabeça erguida e caminhar.

–Uma bebida? – uma moça de preto ofereceu e eu peguei a taça.
A bebida queimou minha garganta, mesmo assim eu virei a taça inteira.Nunca fora de beber, mas naquela noite eu precisava de coragem. E agora? Me perguntava, quando pegava outra taça e percorria os corredores.
Será que eu devia me aproximar dos homens? Deixar que eles se aproximassem? No final eu não estava me sentindo tão diferente das festas universitárias que eu freqüentava.

Eu estava morando há dois anos em Nova York, fazendo faculdade e podia contar nos dedos as festas que eu tinha ido. Não tinha muitos amigos, e a maioria eram amizades superficiais. Mesmo Victoria não poderia ser chamada de minha amiga. Éramos diferentes demais. Victoria vivia em festas e encontros, enquanto eu preferia ficar em casa com um bom livro.

Minha mãe sempre me criticava por isto, dizia que eu tinha uma alma velha, que deveria aproveitar mais a vida universitária, e talvez fosse justamente por causa dela que eu perdera a virgindade meses atrás com um cara que eu mal conhecia, apenas porque estava cansada de me sentir uma alienígena por ainda não ter transado. Porque quando isto saía da boca da sua própria mãe, era algo a se pensar. No fim, fora uma experiência deprimente e esquecível.

E Reneé insistira que a primeira vez nem sempre era legal e que eu não deveria desistir e continuar “experimentando” até encontrar o cara certo, mas eu aceitei que aquele tipo de vida não era pra mim.
Eu queria estar com alguém que eu gostasse de verdade e não com qualquer universitário que nem se lembraria meu nome depois.
E agora lá estava eu, caminhando num clube luxuoso, onde todos usavam máscara e procuravam sexo. E sexo era justamente o que acontecia em muitas salas em que eu entrava.

E enquanto ia adentrando cada vez mais, tentava não me sentir embaraçada com todas as cenas que apareciam na minha frente e começava a rezar que nenhum daqueles mascarados se aproximarem de mim. Mas o que eu podia fazer? Se eu não falasse com ninguém, como é que eu faria a matéria?
Que droga de jornalista eu era afinal? De repente eu comecei a me sentir ridícula e infantil.

Eu não era nenhuma idiota. Podia ainda ser bem inocente, mas sabia que existia todo tipo de perversão no mundo. E precisava parar de agir como uma donzela do século passado. Eu podia fazer aquilo. Podia fingir que era tudo muito interessante. Que eu era apenas uma mulher que estava ali pra satisfazer a fantasia daqueles homens. Eu conseguiria minha matéria e ponto final.
Já era hora de eu começar agir como adulta. Ou melhor, como profissional.

Respirando fundo, parei em frente a um sofá onde um casal transava na frente de todo mundo. E ainda bem que eu estava de máscara, porque assim ninguém podia ver meu rubor.
–Mais uma bebida? – a moça de preto me ofereceu eu peguei uma taça.
–Sim, por favor. – murmurei e peguei a taça, me afastando dali.
Eu precisava observar e me aproximar de algum deles. Só não sabia como. E estava tão distraída que não vi a cadeira na minha frente, quando tropecei.
–Ai. – gemi, irritada comigo mesma por ser tão descoordenada e tentando me equilibrar em cima daqueles saltos ridículos, quando senti uma mão se fechando em meu braço, me mantendo em pé.
–Deixe-me ajudá-la.
Eu levantei o olhar e um homem me encarava. E mesmo com salto eu tinha que levantar o olhar para alcançá-lo.
–Obrigada. – balbuciei, sem graça.

E por um momento nenhum de nós se moveu. Seus dedos ainda permaneciam em meu braço. E de repente eu não consegui desviar o olhar. Cabelos cor de areia. Olhos verdes dourados na máscara negra. Olhos que percorreram meu corpo por um momento. E eu senti algo se enroscando dentro de mim.
E parei de respirar.

–Você está bem? – ele perguntou e eu sacudiu a cabeça afirmativamente, respirando uma longa golfada de ar e afastando o braço. E contive a vontade de passar os dedos onde ele tinha tocado.
–Me desculpe, eu... Tropecei. - murmurei envergonhada.
–Se machucou?
Eu dei de ombros, me sentindo mais do que nunca uma idiota. Como é que eu podia me passar por sofisticada e sensual caindo em cima dos móveis?
–Eu acho que não... Agora se me der licença... – tentei me afastar, mas só então percebi que meu pé ainda doía e soltei um pequeno gemido involuntário de dor.
–Acho que se machucou, sim. – ele insistiu, o que me fez sentir ainda mais mortificada.
–Não, eu... – mas antes que eu percebesse o que estava acontecendo, ele me ergueu pela cintura me colocando facilmente em cima de um aparador.
–Isto realmente não é necessário... - mas ignorando meus protestos, já segurava meu tornozelo e retirava os sapatos de salto muito altos, passando os dedos por minha pele.
–Acho que apenas torceu. – disse.
–Oh... Realmente... – balbuciei, embaraçada.

E nem era só porque estava naquela situação constrangedora. E sim porque sentia minha pele formigando onde ele tocava. E o formigamento se espalhou quando ele me encarou e sorriu.
–Me desculpe, apenas quis me certificar de que não tinha quebrado algo. – explicou, com os dedos acariciando meu tornozelo. Espera, “acariciando?”. Da onde eu tirava aquilo? Era óbvio que ele não estaria me acariciando. Ou estaria?
Eu procurei seu olhar sob a máscara. E ele ainda sorria.
– O que é engraçado? – perguntei, confusa, e ele largou meu pé, se levantando.
Eu quase lamentei. Deus, será que eu estava já ficando bêbada?
– Qual seu nome? - indagou de repente e um alerta soou na minha mente.

“Respira, Bella. Lembre-se do porquê de estar aqui”.
“E lembre-se de que este cara deve ser apenas mais um pervertido, que deveria sim estar acariciando seu tornozelo, assim, como gostaria de acariciar muito mais se você permitisse. E com certeza, pelo seu olhar agora, ele deveria achar que permitiria”.
Pois estaria bem enganado.
Eu respirei fundo e dei de ombros.
– Não temos nomes aqui. – respondi casualmente.
– E você vem sempre aqui?
– Você vem? – devolvi a pergunta.
– Tenho certeza que este tipo de pergunta não é necessário num lugar como este.
– Então não deveria me perguntar. – respondi do jeito mais blasé que consegui.

Eu não queria que ele se achasse encorajado a ir em frente. Mas também não poderia simplesmente dizer o que eu achava do tipo de perversão que ele provavelmente deveria gostar e sair correndo.
Eu estava ali para investigar. E era o que iria fazer.
– Eu a vi mais cedo... em outra sala...gosta de olhar?
– Você gosta?
Ele sorriu e eu olhei fascinada para seus lábios.
–Prefiro fazer. – “gostaria de fazer com você” era o que seu olhar dizia e eu senti meu ventre se contraindo. – E você?
Oh Deus... o que estava acontecendo?
Não era possível que eu estivesse me sentindo atraída por aquele estranho. Simplesmente não era possível. Desviei o olhar, tentando ignorar o calor que começava a se espalhar por minha pele.
Aquele cara era um riquinho pervertido que não valia nem um segundo olhar meu e que provavelmente nem me olharia duas vezes na rua, se eu não estivesse vestida daquele jeito. Se ele não achasse que eu fosse alguém como ele.

–Então por que não está fazendo? - indaguei, tentando manter minha mente neste pensamento.
–Porque estou com você. – respondeu.
–Acha que vou fazer sexo com você.
Droga, o que eu estava fazendo? A agressividade na minha voz era estranha a mim mesma. Mas ele pareceu não perceber, enquanto sorria. E eu quis ver como seria seu sorriso sem a máscara.
–Bebida, senhores?
Eu me senti aliviada com a interrupção da garçonete.
– Sim, por favor. – peguei uma taça de champanhe e vi seu olhar deslizar a nossa volta.

Havia um casal conversando ao pé do ouvido mais à frente. Um homem estava sentado sozinho em um canto com uma bebida e nos encarava. Possivelmente estava se perguntando que horas iríamos começar a orgia. Meu estômago se contraiu de medo e de algo mais que eu não estava preparada para admitir ainda.

Bebi um gole de champanhe tentando clarear minha mente.
Eu tinha conversado com James naquela tarde, sobre o tipo de indagação eu deveria fazer. Era nisto que eu tinha que me ater.

–Como as escolhe? – perguntei.
– O quê?
– As mulheres. Não lhe parecem todas iguais?
–Eu a achei diferente.
Tomei mais um gole de bebida, ignorando o arrepio de medo na espinha. Será que ele desconfiava de algo? Não. não tinha porquê.
–Isto é uma ilusão. – respondi.
–Está dizendo que é igual a todas?
Eu dei de ombros.
–Estamos usando máscaras.
–Eu gostaria de vê-la sem máscara.
“Eu também queria ver você” quis dizer, mas calei a bobagem a tempo.
–Que graça teria?
–Nem imagina.
–Deve gostar deste mistério, senão não estaria aqui... não é para isto que freqüenta este... clube? – indaguei.
–Por que você freqüenta?
–Ah... não acho que queira saber meus motivos.
“Eu estaria perdida se apenas imaginasse...”
–Tente.
–Faz este tipo de indagação a todas as mulheres que encontra aqui?
–E você faz a todos os homens?

Eu sorri. Ele era rápido e não estava respondendo a nenhuma das minhas perguntas. E no segundo seguinte, fui pega totalmente de surpresa ao sentir seu dedo deslizando por meus lábios.
–Quero beijar você.
Perdi o fôlego.
–Não. – murmurei, embora cada célula do meu corpo gritasse sim.
–Por que não? – insistiu, se aproximando, enquanto movia minha mão para segurar minha nuca e senti seu hálito quente em minha língua. O calor se espalhou por meu corpo, derretendo tudo por onde passava.

O beijo pairou entre nós por um instante, enquanto nossas respirações se misturavam e eu virei o rosto no último momento, sentindo seus lábios tocarem meu rosto.

–Porque eu disse não. – consegui dizer.

Ouvi sua risada adentrando em meu ouvido, causando uma sucessão de arrepios em mim e não consegui conter um gemido quando senti o toque quente e úmido de sua língua na pele escondida atrás da minha orelha.
–Tudo bem. – disse dentro do meu ouvido. – Posso beijá-la de outras maneiras... muito mais... interessantes...
Arfei, sem ar, suas palavras se transformando em imagens na minha mente. Pequenos tremores de excitação destruindo meu controle.
Então ele se afastou para me encarar e havia um sorriso presunçoso em seus lábios.
Deus, o que eu estava fazendo?
Respirei fundo, tentando voltar ao bom senso.

–Devia me perguntar primeiro se estou interessada.
–Você está. – afirmou.
–Vai dizer que estou deslumbrada com você? – falei ironicamente.
Eu estava irritada com a facilidade que ele acreditava ter em mim.
E furiosa por saber bem lá no fundo que ele tinha razão.
Aquele jogo já estava começando a passar dos limites.
–Achei que não estivesse aqui apenas para olhar. – sua voz parecia contrariada agora.
Mas que se danasse. Eu precisava dar o fora dali. Antes que fizesse algo que me arrependeria e muito.
–Posso estar aqui por muitos motivos... – disse, procurando com o olhar a moça que servia bebida e a chamei.
–Pra se embriagar? – indagou quando eu peguei uma taça.
–A bebida é boa, sem dúvida... – dei de ombros com um sorriso forçado, levando a taça aos lábios, mas ele me impediu, segurando meu pulso.
–Acho que podemos parar de fazer este joguinho. Eu sei quem você é.

Empalideci.
–Sabe?
–Ninguém aqui é inocente. Estão acho que queremos a mesma coisa.
–E o que você quer?
–Quero foder você.
–Talvez eu não queira. – sussurrei. Assustada. Excitada.
–Não... ? – antes que eu conseguisse reunir forças para me afastar, senti sua mão deslizando para o meio das minhas pernas e adentrando na minha calcinha. Fechei os olhos, gemendo devagar, totalmente perdida, enquanto sentia os dedos longos me acariciando, me explorando. Um prazer delicioso se enroscando em meu ventre, me deixando fraca, exposta.
Pronta.
Naquele momento eu estava pronta a fazer qualquer coisa que ele pedisse. Que ele quisesse.

– Sua boca diz uma coisa, mas seu corpo diz outra.
Abri os olhos, me perdendo por um instante.
Querendo apenas sacudir a cabeça e concordar com ele. Apenas para que ele não parasse nunca o que estava fazendo. Mas alguém riu na sala e eu me dei conta, horrorizada, de onde estávamos.
Do que eu estava fazendo. Eu estava enlouquecendo totalmente.
–Sim... – murmurei. – Isto apenas prova que eu estaria disposta a fazer sexo... com qualquer um nesta sala.
Ele olhou para os lados, como se agora também se desse conta de onde estávamos e eu aproveitei para me desvencilhar dele e saltar do aparador.
– Isto foi... divertido. – disse com um sorriso calculado e me afastei, ignorando os olhares curiosos.
Eu pensava apenas em fugir o mais rapidamente dali. Que diabos eu estava fazendo? Se fechasse os olhos eu ainda via seu olhar dourado sobre mim. Droga, eu ainda sentia seus dedos em mim!
Era realmente irônico que justamente hoje, naquele lugar desprezível, eu me sentisse atraída por um cara daquela maneira.
Sentindo meus joelhos fracos, me encostei numa parede. Minhas mãos tremiam ainda com a taça entre meus dedos. Minha mente rodava.


Excesso de álcool, certamente.
Mas também de uma boa dose de excitação. Era como se novos sentidos estivessem se manifestado em mim agora. E tinha tudo a ver com aquele estranho mascarado. Cabelos cor de areia e olhos dourados. Fechei os olhos, tentando conter ainda os arrepios que se negavam a deixar minha pele. A vontade insuportável de senti-lo me tocando de novo...
–Podemos te fazer companhia?
Abri os olhos e havia dois homens mascarados me encarando.
E agora, o que eu diria?
Mas antes que eu pudesse pensar numa resposta, eu levantei o olhar e o vi. Meu coração disparou alarmantemente no peito e reconheci por um instante assustador que era isto que eu queria.
Que ele me achasse.
Não havia como fugir agora.

Com poucos passos ele me alcançou, os dedos rodeando meu pulso e eu apenas ouvi o som do cristal se quebrando no chão, quando a taça escapou dos meus dedos. Não passou pela minha mente protestar. Eu estava além de qualquer pensamento coerente. Apenas via de relance os rostos mascarados ficando para trás, até que finalmente estivéssemos sozinhos numa sala qualquer.
E com o resto de sanidade que ainda havia na minha mente, eu senti alívio nisto. Seria apenas nós dois. Eu queria ser apenas dele.

Meu coração batia acelerado contra as costelas, quando me vi jogada sem a menor cerimônia no sofá de coro marrom e ele se ajoelhava na minha frente. E não havia qualquer cuidado ou gentileza em suas mãos quando afastaram minhas pernas, ou quando os dedos adentraram em meu vestido puxando minha calcinha para baixo.

Mas eu não me importava, eu queria apenas senti-lo dentro de mim.
Era mais que desejo. Era uma necessidade básica, quase como respirar. E mordi os lábios com força para conter a vontade de pedir, implorar, enquanto o via abrir a calça e colocar um preservativo. A excitação fluía entre nós como uma chuva de faíscas. E então ele veio. Dentro de mim. Uma, duas, infinita vezes. E ainda não era suficiente.

Cravei meus dedos no couro do sofá, ouvindo seus gemidos arquejantes em meu ouvido, fazendo eco com os meus próprios enquanto sentia as estocadas fortes do seu sexo dentro de mim, empurrando minhas pernas para trás para poder ir ainda mais fundo, mais rápido, até finalmente todo aquele desejo que crescera e me dominara desde o momento em que nossos olhares se cruzassem pela primeira vez, explodisse como fogos de artifícios sob meus olhos fechados, meu corpo estremecendo em mil espasmos de um prazer tão perfeito que eu nunca nem sonhara existir.

Mas existia. E eu estava sentindo.
Com um estranho.A realidade bateu com força em mim assim que o prazer se extinguiu e eu abri os olhos, apavorada. Ele ainda estava em cima de mim. Tão ofegante quanto eu.

Pensei em algo para dizer, mas eu ainda não sabia nem o que estava acontecendo direito para conseguir formular algum pensamento coerente. Eu tinha perdido toda a noção da realidade. De quem eu era. De onde estava. De quem ele era. Ou de quem podia ser.
Porque eu não sabia seu nome. Não conhecia seu rosto.

Ela era um estranho.

E fora a melhor transa da minha vida. Droga, eu nem sabia que sexo podia ser bom daquele jeito, até aquele momento!
Furiosa comigo mesma, o empurrei e ele não ofereceu resistência, se afastando. Tentei ajeitar minha roupa, nem me preocupando em procurar minha calcinha. Não fazia ideia de onde estava mesmo.
Eu só precisava sair o mais rapidamente dali.
–Nós podíamos... sair daqui... – ele disse de repente eu ri.
Ele estava de brincadeira, não era?
– Conhece as regras. Sem nomes. Sem laços. Ou convida todas as mulheres que joga num sofá?
–Não, não convido. – respondeu.
E eu quis perguntar por que estava me convidando. Porque havia uma pequena parte bem insensata dentro de mim que queria aceitar qualquer convite vindo dele. O que era extremamente ridículo. Para não dizer perigoso.


Eu era uma farsante ali. E aquele cara estava achando que eu fazia isto a toda hora. Transar com caras desconhecidos por pura diversão. Bom, ele iria continuar pensando assim.
–Bom, foi divertido, mas eu temo estar quebrando algumas regras nos escondendo aqui...
–A diversão não precisa acabar agora...
–Talvez eu queira outro tipo de diversão agora. – menti.
–Você gostou da nossa diversão.
Oh Deus.
–Teria gostado com qualquer um.
–Posso dizer o mesmo... talvez eu deva sair e procurar.
–Fique à vontade... – respondi com o tom mais casual que encontrei, tentando não imaginá-lo fazendo exatamente isto. - Tenho certeza que achará outra... diversão.
Sim, ele podia continua ali, praticando seus joguinhos pervertidos.

Provavelmente daqui a meia hora estaria com outra em algum sofá.
Ou várias. Não me importava. Não me importava nem um pouco.
Eu apenas queria sair daquele lugar o mais rápido possível, Eu dei um risinho afetado e abri a porta. Mas antes que conseguisse me afastar, ele me segurou.

–Ainda não acabou... não conseguirá se esconder de mim... – sussurrou em meu ouvido e eu estremeci. De medo. De desejo.
–Duvido que me ache de novo...
–Pode mudar de máscara... eu sempre vou te achar. - com esta última ameaça ele me soltou e eu me afastei rapidamente.
Querendo apenas colocar a maior distância possível entre nós.
Porque eu definitivamente não saberia dizer se teria forças para resistir. Com passos cambaleantes, eu finalmente consegui chegar em um banheiro.

Meu estômago embrulhava, eu tremia inteira. Tirei a máscara e olhei meu reflexo no espelho. Onde é que eu estava com a cabeça?
Tinha me deslumbrado por um cara desconhecido. Que provavelmente fazia isto todo dia. Com todo tipo de mulher. Que achava que eu era aquele tipo sórdido de mulher.

Lutei contra o enjôo, jogando água sobre meu rosto. Eu tinha que ir embora daquele lugar. Mas como?
–Você está bem?
Abri os olhos e me deparei com a garçonete me fitando.
–Oh, eu... – me senti preocupada por estar sem a máscara.
–Você não parece nada bem, quer que eu chame alguém...
–Não! Está tudo bem, eu apenas.. é só uma indisposição, acho que bebi demais...
A moça sorriu solidária.
–Sei como é isto. Eu posso fazer alguma coisa por você? Quer que eu pegue sua bolsa?
Um alerta soou na minha mente.
–Achei que não pudéssemos entrar com a bolsa...
–Não pode mesmo, mas você parece bem mal... Eu posso conseguir pegá-la pra você.
–Tudo bem...
–Qual seu nome?
–Victoria.
–Certo, me espera aqui.

Ela se afastou e voltou rapidamente com a bolsa.
–Obrigada. – murmurei.
–Tudo bem. Eu volto daqui a 10 min para pegá-la de volta, ok?
–Tudo bem.
Ela se afastou e eu abri a bolsa.
Nem sei por que pedira a bolsa, já que não havia nada ali que pudesse me ajudar. Eu deixara meu celular e qualquer documento que pudesse me denunciar em casa.
Mas então relanceei o olhar para a pequena câmera. Até agora eu não tinha feito nada certo na minha missão de repórter investigativa.

Sim, porque em vez de estar circulando e fazendo perguntas, eu estava transando com desconhecidos, como se eu realmente fosse uma daquelas moças de máscara. Mas eu ainda podia fazer algo de útil. Peguei a câmera e guardei no meu sutiã.
A garçonete voltou ao banheiro.
–Se sentindo melhor?
Eu sorri.
–Sim, obrigada. – devolvi a bolsa. – Espero que isto não cause problemas a você.
–Não se preocupe... será nosso segredo. – ela piscou. – Apenas não esqueça de colocar a máscara antes de sair.
–Ah, claro. Não esquecerei.

Ela se afastou e eu coloquei a máscara. Eu posso fazer isto, disse a mim mesma. Estava ali para um trabalho e iria cumprir. Colocar a câmera onde ninguém veria. Circular. Fazer perguntas. E deixar aquele lugar para sempre sem olhar para trás. Era só ficar longe de um certo estranho de cabelos cor de areia.
E estaria tudo certo. O que eu não imaginava era cruzar com ele ainda naquela mesma noite...


****

Voltei ao presente, me obrigando a não pensar mais naquilo. Eu não deveria mais pensar naquela noite...
Mas agora seria impossível. Porque eu me deparava de novo com aquele estranho do clube. E agora ele tinha um rosto. E um nome.

Edward Cullen.



**continua**


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